Abordagem de Terapia Ocupacional na Reabilitação da Síndrome do Túnel do Carpo
A mão é de extrema importância na maioria dos desempenhos pessoais, econômicos e de lazer. Para o ser humano a mão mostra-se indispensável na realização de qualquer atividade e as estatísticas mostram que o trauma é a maior causa de incapacidade funcional.
De acordo com a anatomia humana, a mão é identificada como um componente essencial, pois sua função é incapaz de ser reproduzida com a mesma perfeição por outra estrutura do corpo. As atividades comuns da vida diária como vestir, lavar e comer depende da habilidade manual que vai desde movimentos grosseiros como preensão de objetos grandes até movimentos finos e complexos, como tocar instrumentos. A preensão e a sensibilidade são as duas principais funções da mão humana.
As funções de coordenação dependem de um mecanismo sensorial periférico intacto de modo a conduzir e controlar essa atividade motora.
A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) deve-se a um processo patológico de compressão do nervo mediano mais comum na prática clínica sendo frequentemente bilateral. Há alguns anos, as lesões por esforços repetitivos eram responsáveis por 18% de todas as doenças ocupacionais. Esse número vem aumentando, chegando em 1991 a 48%.
A STC tem um quadro clínico característico de dor e parestesias, podendo progredir para a perda variável de sensibilidade e até fraqueza da mão afetada geralmente associada a movimentos manuais inadequados ou repetitivos.
Além de determinadas atividades laborais, muitas outras causas têm sido comumente encontradas nos indivíduos com esta síndrome: obesidade, gravidez, fraturas, traumas agudos, lesões expansivas entre outras.
O túnel do carpo é uma região do punho por onde passam os tendões provenientes da musculatura do antebraço delimitado em sua base pelos ossos do carpo e no topo por uma cinta fibrosa. Essas delimitações formam uma estrutura semelhante a um túnel, o túnel do carpo. Juntamente com os tendões passa o nervo mediano, responsável pela inervação de boa parte da mão.
Este túnel possui espaço somente para passagem destas estruturas (tendões e nervos). Assim sendo, qualquer alteração que cause inflamação da região pode comprimir as demais estruturas e, consequentemente, o nervo mediano gerando dor local com ou sem irradiação. Este comprometimento do túnel é chamado de Síndrome do Túnel do Carpo.
Quadro clínico
O quadro clínico da STC caracteriza-se por dor, parestesias e impotência funcional que atingem primordialmente a face palmar dos dedos e da região tênar.
Perda progressiva da coordenação e força no polegar (devido à fraqueza dos músculos abdutores curto do polegar e oponente do polegar) pode ocorrer se a causa da compressão do nervo mediano não for tratada (MOORE e DALLEY, 2002).
O principal sintoma é a parestesia (uma sensação de formigamento, de dormência) que se manifesta mais à noite e ocorre fundamentalmente na área da inervação do nervo mediano.
A evolução da síndrome dificulta manipular estruturas pequenas e executar tarefas simples como segurar uma xícara ou pregar um botão.
Os sintomas noturnos podem ser originados por uma redistribuição do líquido extracelular durante o tempo em que o corpo encontra-se em decúbito.
Posteriormente, com a evolução do quadro, surgem sintomas durante o dia que se intensificam com a realização de atividades que envolvam a flexão do punho.
O quadro clínico pode evoluir para a perda da sensibilidade na face palmar dos dedos e fraqueza do abdutor curto do polegar, geralmente acompanhada de hipertrofia tênar.
Diagnóstico
Após anamnese, recomenda-se o exame físico completo. Certificar se existe compressão do nervo mediano no punho. Após a determinação da compressão, buscar a identificação da causa, avaliação sensorial e motora baseada nos sintomas característicos.
Tratamento Terapêutico Ocupacional específico
O tratamento terapêutico ocupacional é de grande importância para se evitar cirurgias ou problemas mais graves.
Seu papel de educar e orientar pacientes, familiares e cuidadores no programa domiciliar, bem como analisar e modificar o ambiente domiciliar são importantes por serem formas de dar continuidade e levar o indivíduo a conquistar a maior independência possível.
Além das tarefas já citadas, durante o período de hospitalização incluem-se: diminuir ou amenizar os efeitos do isolamento social; criar condições para que a internação não interrompa gravemente a rotina de vida, diminuindo o sofrimento causado ao paciente por ele estar longe de seus objetos pessoais e entes queridos; estabelecer com o paciente, a família e a equipe multiprofissional um plano de tratamento que ajude a evitar o agravamento do quadro biopsicossocial e, posteriormente, encaminhar esse paciente para serviços ambulatoriais ou comunicatórios para a continuidade do tratamento.
Tratamento Preventivo
O programa de prevenção ergonômica deverá modificar o posto de trabalho de modo a evitar o desvio excessivo do punho, tanto à flexão quanto dorsal, e favorecer a execução das tarefas com este em posição neutra.
A diminuição da repetitividade através da automatização, redução do número efetivo de movimentos, enriquecimento das tarefas, redução do ritmo de produção, implantação de pausas (COUTO – ERDIL; DICKERSON, 1994 – SOBRINHO, 1993) e o controle da temperatura do ambiente de trabalho (do frio) são medidas cabíveis para a prevenção da STC (ERDIL; DICKERSON, 1994).
Assim como a modificação nodesign das ferramentas de mão, com o intuito de não causar pontos de pressão sobre pequenas áreas, como a palma (ERDIL; DICKERSON, 1994).
Tratamento Conservador
Está indicado para casos com menor gravidade. Indica o repouso relativo das atividades, uso de splint para a imobilização do punho, mantendo-o em posição neutra ou em ligeira extensão e o uso de antiinflamatórios sistêmicos.
Tratamento Cirúrgico
É indicado caso o tratamento conservador falhe.
A técnica utilizada é a liberação do ligamento transverso do carpo, que pode ser feito através de incisão aberta tradicional ou endoscopia do túnel carpal, que usa uma incisão menor.
Obtém melhoria na maioria dos casos e o paciente pode voltar a trabalhar no tempo de duas a três semanas.
Reabilitação
Numa visão integrada do ser humano e do trabalho de reabilitação, o objetivo maior do terapeuta ocupacional no campo da reabilitação ortopédica e traumatológica é auxiliar o paciente a explorar seus potenciais funcionais máximos, restaurando sua função, habilitando-o ou reabilitando-o quando ele apresenta disfunção ou incapacidade física. O terapeuta ocupacional dispõe de recursos e desenvolve procedimentos terapêutico-ocupacionais específicos, com vistas à recuperação física funcional e ocupacional e à obtenção de melhor qualidade de vida, atuando também sobre sua condição emocional e, com isso, promovendo sua inserção social.
Os exercícios de fortalecimento, por exemplo, são iniciados paulatinamente dando preferência inicial aos exercícios isométricos, seguidos pelos isotônicos de resistência progressiva: massinhas de diferentes resistências e exercitadores de dedos.
Abordando mais diretamente a disfunção do paciente, o terapeuta ocupacional visa:
- Prevenção de deformidades
- Treino da independência nas atividades de vida diária (AVD) e do cotidiano
- Confecção de órteses e/ou adaptações
- Controle do edema
- Ganho de amplitude de movimento e força
- Manuseio da cicatriz
- Reeducação sensitiva
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